O ar do meu ambiente está fora dos padrões. O que fazer?

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O resultado da analise de qualidade do ar de sua empresa ficou fora dos valores indicados pela norma?

Isso acontece e é natural. A ANVISA recomenda, quando existem não-conformidades da qualidade do ar em relação a parâmetros da RE-09,  que “(…) os proprietários, locatários e prepostos de estabelecimentos” devem “promover a correção das condições encontradas, quando necessária, para que estas atendam ao estabelecido no Art. 4º desta Resolução”.

Nem sempre a baixa qualidade do ar se deve a uma manutenção deficiente dos condicionadores. E, para auxiliar na identificação das possíveis origens da baixa qualidade do ar, a RE-09 apresenta, no item V,  possíveis fontes de poluentes biológicos e químicos, cuja pesquisa é recomendada para a correção das situações encontradas em divergência com a norma.

Além dessas recomendações, podemos citar situações encontradas na prática de inspeção de empresas de análise de qualidade de ar interior,  que podem merecer considerações para a pesquisa da origem das não conformidades. Veja um apanhado de situações a revisar neste artigo.

 

Fatores a considerar na qualidade do ar

 1- Efetivo uso dos condicionadores de ar

Há estabelecimentos em que os condicionadores de ar são ligados apenas em condições de temperaturas extremas, sem regularidade. Em alguns casos, o equipamento não é nem utilizado. Em outros casos, abrir mão do ar condicionado é uma medida de economia de energia ou, muitas vezes, de conforto para os ocupantes –  frequentemente, em função do ruído que esses equipamentos emitem.

Ambientes com elevada ocupação e/ou frequência de pessoas tendem a desenvolver problemas em relação à qualidade do ar, pela concentração e amplificação de poluentes sem a ventilação adequada. A qualidade do ar poderia ser melhorada ao se utilizarem com maior regularidade os condicionadores de ar. Na maioria, há a possibilidade de uso na função de ventilação somente, a qual apresenta um consumo de energia consideravelmente inferior ao da refrigeração ou aquecimento. Nos sistemas centrais, isso garante a renovação do ar; enquanto nos equipamentos individuais (Split e tipo ‘Janela’) a ventilação colabora apenas com a filtragem de partículas mais grosseiras, já que o ar interno é só re-circulado. A ventilação também promove a mistura do ar, evitando a estagnação de zonas de concentração de poluentes.

2. Condição de higiene de mobiliário, esquadrias, persianas e afins

Além dos forros e superfícies porosas, mencionados na RE-09 como possíveis fontes de proliferação de microorganismos, é encontrado, por vezes, na prática, mobiliário que não sofre limpeza, especialmente nas partes que estão fora do campo de visão e atenção. Poeira depositada sobre armários – algumas vezes na linha direta do insuflamento de ar – aberturas e esquadrias sujas, cortinas e persianas, são situações que requerem atenção das equipes de limpeza dos locais.

3. Contaminação proveniente do ar exterior

Outra questão comum aos  ambientes que não fazem o uso regular do ar condicionado é os ocupantes promoverem a ventilação pelo ar exterior, deixando janelas abertas. Em alguns casos, a logística das atividades executadas no ambiente torna obrigatória a permanência de portões abertos. Deve-se ter em consideração que os microorganismos presentes no ar exterior podem encontrar condições muito favoráveis para sua multiplicação nos ambientes internos, pela ausência de radiação solar, pela umidade  elevada, entre outros fatores. Isso pode levar à condição de amplificação: quando a contagem de microorganismos no ambiente interno torna-se superior à do ambiente externo.

Em cidades e prédios estabelecidos nas proximidades de regiões agrícolas, a quantidade de fungos no ar externo é elevada, conferindo ainda maior relevância à necessidade de filtragem do ar proveniente do ambiente externo.

4. Projeto ou instalações inadequadas

Na prática, observa-se que a qualidade do ar interior é geralmente adequada nos estabelecimentos em que o projeto do sistema de ar condicionado atendeu aos padrões exigidos pelas normas da ABNT, e que a instalação seguiu o projeto, observando, principalmente, o dimensionamento dos condicionadores, filtragem e renovação do ar, e onde é seguido o Plano de Manutenção, Operação e Controle.

O equipamento instalado deve atender ao número de pessoas ocupantes/frequentadoras e ao tipo de ocupação dos ambientes, e prever a renovação adequada ao número de frequentadores. Já as mudanças na ocupação dos ambientes, que frequentemente ocorrem com o passar dos anos, podem modificar a carga térmica e outras condições inicialmente previstas em projeto, e devem ser readequadas.

É possível estar dentro dos padrões de qualidade do ar nos ambientes interiores

Os aparelhos de condicionamento de ar são projetados para promover a qualidade do ar. Obtêm êxito quando adequadamente projetados, instalados e mantidos.

Os condicionadores centrais promovem a filtragem e renovação do ar, além do controle da temperatura e da umidade. Equipamentos mais simples como Split e tipo ‘Janela’, efetuam, normalmente, apenas o controle da temperatura e a filtragem de partículas grosseiras do ar. Estes últimos (split e janela) não solucionam o problema da renovação do ar, o qual deve ser estudado.

Por fim, conforme a ANVISA afirma em seu portal, sob o título ‘Ar condicionado – Regras’: “Recentemente houve uma grande expansão no mercado de equipamentos unitários, em substituição aos sistemas centrais, porém os equipamentos de ar condicionado de janela e minisplits não deveriam ser instalados em determinados ambientes comerciais de forma indiscriminada. Estes equipamentos não possibilitam a renovação de ar e não possuem filtros adequados para proporcionar uma boa QAI no ambiente climatizado, conforme preconizado nas legislações e normas técnicas vigentes.

Para maior esclarecimento, recomendamos a leitura do folheto Entendendo Split x QAI