Conheça o radônio, o “perigo natural” presente no ar que respiramos

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Gás invisível, insípido e inodoro: conheça o radônio, o “perigo natural” presente no ar que respiramos. É originário do urânio e do tório, os dois elementos radioativos mais abundantes na Terra, e que você pode ter ouvido falar nas aulas de química.

O radônio tem sido apontado como problema de saúde pública: como é um gás invisível aos mecanismos e equipamentos utilizados em sistemas de tratamento do ar, acaba afetando de forma “cega” e constante nosso sistema imunológico. Por isso, vem sendo pauta de muitas discussões e estudos.

Por um lado, ao ar livre, o radônio se dispersa na atmosfera e não causa danos aos seres vivos. Ao contrário, acumula-se em ambientes fechados, dentro de residências e prédios com fundação direta sobre o solo. Materiais de construção civil, de pisos a paredes, podem conter sua radiação. E não percebemos, por que o gás e seus subprodutos são incolores e inodoros.

Um desafio para a saúde pública e a indústria da construção civil

Mundialmente, ao falar do radônio, ele vem sendo apontado como gás perigoso, que penetra nos ambientes fechados, nossas casas e edifícios.

Isso porquê a principal fonte de contaminação de gás radônio em um ambiente confinado é o próprio solo sobre qual o imóvel foi construído. E ele também entra por fissuras, rachaduras, buracos, canos, ralos e até mesmo pela água. E, como já vimos, no ambiente confinado, o radônio tende a se concentrar, tornando-se um contaminante radioativo invisível.

Pois é, o Radônio não pode ser “eliminado”, não se consegue capturá-lo ou destruí-lo. Por isso que se pensa em prevenção, atitude na qual a indústria da construção civil entra proativamente. O radônio e seus gases, presentes nos mais diversos materiais da construção e ornamentação (cimento, cerâmica, mármores, lages, esculturas, etc.), bem como o presente no solo, será de observação fundamental. Empresas pelo mundo já começaram a desenvolver novos produtos* e materiais pensando nisso. Associado a estudos, índices e medição da qualidade de ar interior, este será o caminho.

 

Radônio, uma questão de saúde pública no debate mundial

Algumas características fazem do radônio uma questão de saúde pública em todo o mundo. Gás radioativo e de origem natural, ele é abundante em toda crosta terrestre, no solo e nas rochas. Ao ar livre, o radônio se dispersa na atmosfera e não causa danos aos seres vivos. Mas, acumula-se em ambientes fechados, dentro de residências e prédios com fundação direta sobre o solo.

O símbolo do elemento químico Radônio.

Atualmente, comunidades científicas e autoridades em saúde voltam sua atenção para o debate em relação a este gás. Ele é considerado um risco para o ser humano quando em determinadas concentrações. Segundo a OMS (WHO, 2009), o radônio é o maior causa do câncer de pulmão após o tabagismo e o principal indutor da doença entre não fumantes, pois libera partículas radioativas. Um desafio de todos os países é lidar com este risco, especialmente quando suas populações passam boa parte da vida “confinadas”, em ambientes fechados, internos, climatizados.

Nesse sentido, recente evento reuniu especialistas em geociências, medicina e saúde pública do Brasil e da Irlanda. Realizado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), promoveu o debate sobre técnicas para fortalecer o Programa de Risco de Radônio do Brasil*.

O evento contou com Quentin Crowley, professor e pesquisador da Trinity College Dublin. Ele compartilhou a experiência e da Irlanda, já que uma das metas do programa no Brasil é desenvolver indicadores que apontem níveis de concentração de radônio. Isso, espera-se,  contribuiria  na diminuição do desenvolvimento do câncer de pulmão.

O programa brasileiro e a sua saúde

Conforme mencionou o geólogo do CEDES, Oderson Souza, neste evento ocorrido em setembro, os mapas de exposição ao radônio e as informações epidemiológicas possibilitarão definir o quanto o radônio influencia no desenvolvimento da doença entre brasileiros. E, em contrapartida, auxiliarão no planejamento mais assertivo das políticas de prevenção do câncer. Enfim, o programa objetiva evitar que centenas de brasileiros sejam vitimados pela doença, como vêm ocorrendo, lançando luzes sobre a questão.

(para ver a exposição com detalhe, acesse a matéria aqui*)

 

Precisa viajar de avião: deve se preocupar com contaminações?

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Viajar pode ser uma preocupação neste momento. E quem precisa viajar de avião: deve se preocupar com contaminações? Com a pandemia e o novo coronavírus, o ar interior limpo e livre de contaminação é prioridade. Embora a poluição do ar seja uma ameaça constante à nossa saúde, muitos de seus contaminantes, conhecidos e controlados em ambientes fechados e com ar condicionado, não eram uma preocupação até o surgimento desta pandemia.

A covid-19 trouxe o debate para a poluição de ambientes internos. A qualidade do ar em ambientes fechados — sua circulação e o quanto permite a dispersão ou a eliminação de patógenos — pode ser definitivo para a população não se contaminar. Você sabia que os aviões são bastante controlados neste sentido?

Pois é, o ar no interior de um avião é mais renovado e limpo do que imaginamos. Segundo o Diretor de Manutenção da LATAM, Alexandre Peronti, “há muito tempo a indústria aeronáutica se preocupa com isso e todos os projetos e sistemas de ar-condicionado e pressurização necessitam atender a padrões rigorosos de qualidade de ar dentro do ambiente das aeronaves” – em recente entrevista ao Portal UOL Notícias.

Graças aos filtros HEPA, do inglês High Efficiency Particulate Air, cerca de 40% do ar das cabines de aviões são filtrados. Os 60% restantes são provenientes do ar puro canalizado de fora do avião. Já o ar da cabine é renovado a cada três minutos, em média. Profissionais e pesquisas indicam que os filtros HEPA eliminam grande parte das gotículas expelidas que possam carregar o SARS-CoV-2.

Outros sistemas de proteção de contaminantes

Pois é, viajar de avião durante a pandemia exige também cuidados para evitar a contaminação a bordo. Por isso, companhias aéreas e aeroportos adotam, no mundo todo, medidas rígidas de limpeza e desinfecção, como:

  •  distribuição de álcool em gel
  • uso de máscaras por tripulantes e passageiros.

O ar interno que respiramos durante os voos — embora não necessariamente totalmente livre de vírus — provavelmente é bem mais limpo do que o ar em restaurantes, bares, lojas ou na sala de estar dos seus melhores amigos. Mas, cuidado: não elimina os mecanismos individuais de proteção.

Novo Corona Vírus e a saúde: estamos tranquilos em nossos carros com ar condicionado?

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Respirar dentro do carro pode ser ruim para a saúde, embora muitas vezes as pessoas não imaginem ou se lembrem disso. Com a situação de pandemia do Novo Corona Vírus, é importante pensar sobre o ar dentro de nosso transporte.

 

Como funciona a renovação do ar em nossos carros com ar condicionado

 

O sistema de ar condicionado usualmente utilizado em veículos automotores permite a troca de ar contínua, evitando que respiremos o mesmo ar sempre. Mas, para que isso ocorra, é necessário que o usuário utilize um comando de troca de ar. Em geral, ele é representado por um botão com um ícone de um automóvel e uma seta em movimento “de fora para dentro” do carro. Muitas pessoas, porém, acionam apenas o botão com uma seta giratória, ou com a simbologia AC – não ativam, assim, a renovação do ar.

Conforme Mário Sérgio Almeida, em recente entrevista ao Jornal da Manhã, da Bahia, o carro é altamente contaminante, pois a maioria das pessoas andam com a tomada de ar exterior fechada, e nós, que utilizamos oxigênio e expelimos gás carbônico, acabamos poluindo o ambiente. Um carro com os vidros fechados e o ar condicionado ligado por mais de 10 minutos já representa um nível bastante elevado de CO2, suficiente para ameaçar a sua saúde.

Umidade relativa do ar e a saúde

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Fungos patogênicos e toxigênicos no ar de ambientes internos

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Você já ouviu falar de fungos patogênicos e toxigênicos?

A identificação do gênero de um fungo é um processo de análise microscópica que toma tempo. Exige profundo conhecimento e é feita com muito cuidado. Fungos patogênicos são aqueles que causam doenças em animais e vegetais, colonizando áreas de seus organismos. Já Fungos toxigênicos são aqueles que, ao colonizarem determinados substratos, liberam substâncias tóxicas no seu meio, causando intoxicação.

Pois é, a RE-09 da ANVISA determina que os as colônias de fungos (bolores e leveduras) presentes no ar sejam contadas e tipificadas. E estabelece como critérios de aceitabilidade a quantia máxima de 750 UFC1/m³ e a ausência de espécies de fungos patogênicas ou toxigênicas.

E para identificar a espécie,  fica ainda um pouco mais complicado! Isso porquê, entro de um mesmo gênero de fungos, há espécies  muito parecidas.  Por isso, a definição de espécie depende de uma varredura cuidadosa de toda a amostra, que identifique determinadas estruturas características da espécie. Essas estruturas podem ser difíceis de encontrar, dependem da fase reprodutiva das células.

 Imagens microscópicas de fungos presentes no ar

Imagens microscópicas de fungos presentes no ar

Como estes fungos podem ser encontrados no ar que respiramos, onde trabalhamos e vivemos?

É nas análises de ar interior, quando se identifica que uma colônia pertence a um gênero que não apresenta espécies patogênicas ou toxigênicas, que a identificação pode ser concluída. Quando o gênero identificado contém alguma dessas espécies, a identificação precisa seguir adiante, até que se determine de que espécie está se tratando.

Por exemplo: o gênero Aspergillus. É relativamente comum, e possui espécies inofensivas, mas também contém espécies que produzem uma toxina denominada Aflatoxina  . Ela possui comprovados efeitos nocivos, destacando-se toxicidade para o fígado, quando ingerida, e um tipo de pneumonia denominada Aspergilose, quando inalada.

E enfim, um laudo de qualidade do ar interior poderá não apresentar a identificação de todas as espécies presentes. Eventualmente, irá apresentar apenas o gênero identificado, tal como “Rhodotorulla sp.”, “Cladosporium sp.”, etc., e isso é possível quando se tratar de gêneros formados por espécies inofensivas. Mas o laudo não poderia apresentar, por exemplo, apenas “Aspergillus sp.”, “Fusarium sp.” ou “Histoplasma sp.”, pois, dentre outros gêneros, esses apresentam espécies patogênicas e toxigênicas.

Portanto, é necessário identificar as espécies. Logicamente, isso representa mais trabalho! Exige tempo e qualificação profissional, e isso tudo acaba encarecendo a análise laboratorial. Mas é um processo de extrema importância para garantir a saúde dos ocupantes e frequentadores do ambiente. Vale a pena, não?

 

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1 Unidades Formadoras de Colônia

Estamos respirando dióxido de carbono em demasia?

Talvez seja importante, hoje em dia, indagarmos se estamos respirando dióxido de carbono em demasia. Afinal, o dióxido de carbono, ou gás carbônico, é um produto de combustão que eliminamos até na respiração. Mas, quando em excesso, pode ser um perigo para a saúde.

Pois é, a elevação da concentração de CO2 indica que o oxigênio está sendo consumido a uma taxa maior do que sua renovação. A baixas concentrações, o CO2 não é nocivo. Conforme a concentração e o tempo de exposição aumentam, o CO2 provoca depressão do sistema nervoso central. Assim, as pessoas sentem relaxamento, fadiga e até  sonolência. Outros sintomas se acrescem na medida em que a concentração aumenta.

E quem trabalha em segurança e saúde sabe que, em concentrações elevadas, O CO2 está entre os agentes químicos com limite de tolerância no Anexo 11 da NR-15 – Atividades e operações insalubres.

O dióxido de carbono em ambientes residenciais x corporativos

A renovação de ar em ambientes climatizados ocorre de forma diferente em residências e em ambientes corporativos.

Em residências, a densidade de pessoas é menor, e a necessidade de renovação também é menor. Muitas vezes, pode até  ser suprida pelo simples fluxo causado pela circulação e pelo abrir e fechar de portas.

O mesmo não ocorre nas empresas, já que a quantidade de pessoas por metro quadrado é maior. Para esses ambientes, um sistema projetado para a troca do ar pode ser obrigatório.

O dióxido de carbono também é um marcador epidemiológico

Aliás, o dióxido de carbono como marcador epidemiológico deveu-se, nas últimas décadas, aos seguintes motivos:

  1. Aos potenciais danos que o aumento de sua concentração e a redução do oxigênio podem causar à saúde das pessoas.
  2. É aceito que, se o sistema de HVAC não está a removendo o dióxido de carbono, provavelmente, está também havendo acúmulo de outros poluentes. Eles podem ser: compostos orgânicos voláteis de ceras, mobiliário, produtos de limpeza, solventes, tintas e vernizes, colas, etc. Outros poluentes emitidos na combustão de gás para cozinhar / aquecimento. E poluentes  emitidos por equipamentos utilizados no interior dos ambientes.
  3. A falta da renovação de ar em ambientes climatizados também aumenta a disseminação de vírus, bactérias e outros microorganismos do trato respiratório. Com uma alta densidade de pessoas, o mesmo ar é respirado várias vezes.

Mas, há também outros efeitos do CO2, recentemente descobertos.


Universidade de Harvard avaliou o impacto do dióxido de carbono nas funções cognitivas de trabalhadores

 

Um estudo do grupo de pesquisa em saúde ambiental da Universidade de Harvard [1] avaliou o impacto do dióxido de carbono nas funções cognitivas de um grupo de 24 trabalhadores durante seis dias completos de trabalho. Encontrou resultados bastante impressionantes. Eles descobriram que, quando as pessoas eram movidas de um ambiente com baixa concentração de CO2 para um ambiente com concentração de 950ppm (partes por milhão) de CO2 — nada incomum em ambientes de trabalho — era observado um declínio de 15% nas faculdades cognitivas dos ocupantes. E, quando a concentração subia para 1400ppm, o declínio observado no desempenho era de 50%.

Pois é, na pesquisa, três domínios de funcionamento cognitivo, em particular, mostraram as mudanças fortes. Um, a resposta a crise, estratégia e uso da informação. Esses domínios de função cognitiva estão ligados à produtividade do trabalhador, relata Joseph Allen, condutor da pesquisa. [2]

Tipicamente, a concentração de dióxido de carbono na área externa fica em torno de 400ppm. O problema é que as pessoas experimentam, rotineiramente, níveis de dióxido de carbono entre 800 e 1200ppm no trabalho.  Além disso, não é raro encontrar ambientes com o dióxido de carbono em 1500ppm ou até 3000ppm, segundo Allen.

O objetivo do estudo era simular as condições de qualidade ambiental em interiores de edifícios “Verdes” e “Convencionais”. Avaliando o seu impacto numa medida objetiva de performance humana — função cognitiva de ordem superior. Ele concluiu que as descobertas têm  ampla gama de implicações, porque a pesquisa foi designada para refletir condições que são comumente encontradas, diariamente, em ambientes internos.

 

[1] Allen J, MacNaughton P, Satish U, Santanam S, Vallarino J, Spengler S. 2016. Associations of Cognitive Function Scores with Carbon Dioxide, Ventilation, and Volatile Organic Compound Exposures in Office Workers: A Controlled Exposure Study of Green and Conventional Office Environments. Environmental Health Perspectives, 124(6):805-812.
[2] Public Radio International: https://www.pri.org/stories/2015-11-11/what-better-thinking-and-productivity-improve-air-quality-your-office

 

 

Bioaerossol (fungos viáveis)

Bioaerossol é a denominação dada à suspensão de microorganismos, ou compostos orgânicos derivados de microorganismos (endotoxinas, metabólitos, toxinas e outros fragmentos microbianos) dispersa no ar. Bioaerossois estão associados com um amplo espectro de efeitos à saúde, incluindo infecções e doenças contagiosas, toxicidades agudas e alergias. [1], [2]
Embora essa suspensão apresente variados tipos de formas vivas microscópicas, incluindo bactérias, vírus*, fungos, entre outros; a ANVISA determina a pesquisa, monitoramento e controle ambiental da possível colonização, multiplicação e disseminação de fungos (bolores e leveduras) no ar ambiental interior. A RE-09 estabelece um limite para a contagem de colônias (Unidades Formadoras de Colônia, ou UFC) de bolores e leveduras de 750 unidades por metro cúbico de ar. Segundo a mesma norma, o número de colônias no ambiente interno deve ser comparado com a contagem no ar externo, de modo a verificar se há amplificação; e as espécies isoladas nas amostras devem ser tipificadas, de modo a excluir-se a presença de espécies patogênicas.

De acordo com vários estudos, o teor de umidade dos materiais de construção, a umidade relativa e a temperatura, as concentrações externas, as taxas de troca de ar e número de pessoas e animais no ambiente afetam significativamente os níveis de bioaerossois internos. Em geral, concentrações mais altas de bioaerossois predominam em climas mais quentes, em relação aos mais frios. [1]

Os microorganismos podem, às vezes, desenvolver-se nos filtros de ar e serem liberados na passagem do ar, sendo, consequentemente, transportados para o interior dos ambientes. [2] Disso ressalta-se a importância da limpeza e substituição dos filtros de ar. A sobrevivência dos microorganismos sob condições internas depende de diversos fatores, tais como a temperatura, radiação ultravioleta, umidade e pressão, tipo de microorganismo e da presença de certos poluentes na atmosfera. [2] Mas em todos os casos, o teor de umidade ambiente desempenha um papel determinante na multiplicação e desenvolvimento dos agentes biológicos no ar interior. [3]

 

Placas de coleta de amostras de fungos após o período de incubação

Placas de coleta de amostras de fungos após o período de incubação

+ Saiba mais sobre espécies de fungos Patogênicas e Toxigênicas no ar de ambientes internos.

 

* A contaminação viral do ar é raramente determinada, devido a dificuldades de se obterem culturas e à falta de métodos moleculares. [1]

[1] Mandal, J; Brandl, H (2011). Bioaerosols in indoor environment – a review with special reference to residential and occupational locations. The Open Environmental Biological Monitoring Journal, 2011(4):83-96.

[2] Ghasemian, Abdolmajid et al. (2016) Types and Levels of Bioaerosols in Healthcare and Community Indoor Settings in Iran. Avicenna Journal of Clinical Microbiology and Infection.

[3] OMS, Guidelines for indoor air quality: dampness and Mould; 2010.

A Lei 13.589, do ar condicionado

Desde janeiro de 2018, vigora a Lei nº 13.589, que ficou conhecida como ‘Nova lei do ar condicionado’. Ela dispõe sobre a obrigatoriedade da manutenção de instalações e equipamentos de sistemas de climatização de ambientes e do monitoramento da qualidade do ar interior.

Essa lei obriga à execução de um Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC) dos sistemas de ar condicionado. Isso vale para todos os edifícios de uso público e coletivo que possuem ambientes com ar interior climatizado artificialmente. A lei vale para todos os ambientes, sejam eles de uso geral, bem como os de uso restrito (processos produtivos, laboratoriais, hospitalares e outros), os quais podem estar também sujeitos a outros regulamentos específicos.

O prazo para adequação aos proprietários e responsáveis pelos estabelecimentos foi de 180 dias; encerrou, portanto, em julho de 2018.

Um breve histórico

Desde 1998, a Portaria nº 3.523, do Ministério da Saúde, já obriga ao cumprimento do PMOC para estabelecimentos climatizados de uso público e coletivo com capacidades térmicas instaladas acima de 60 mil BTUs e, em 2000, os padrões referenciais de qualidade do ar a serem observados foram publicados na Resolução 176 da ANVISA, revisada e atualizada em 2003 pela Resolução RE-09, em vigor atualmente.

A Portaria 3.523/98, não sendo uma Lei, tem força de lei por regular a Lei 8.080/90, estendendo aos responsáveis pelos estabelecimentos a responsabilidade pelas ações e serviços de saúde pública no que tange à qualidade do ar. Aqueles que não cumprirem o disposto nessa Portaria estão sujeitos à aplicação da Lei 6.437/77, que regula sobre as infrações sanitárias. Vale lembrar: essa Portaria não foi revogada pela nova lei de 2018 e, portanto, continua vigente. De modo que aqueles que não a obedecerem estarão incorrendo em múltipla infração.

O que mudou?

Essencialmente, a Nova lei do ar condicionado ratificou as mesmas determinações que já vigiam desde 1998 e 2000. No entanto, ela apresenta essas determinações em um texto claro e sucinto. Mas há uma diferença que vale salientar: essa lei não indica, para sua aplicabilidade, uma capacidade mínima de climatização instalada. Ela vale para todos os edifícios de uso público e coletivo.

Além disso, na  lei está explícito que que os padrões, valores, parâmetros, normas e procedimentos necessários à garantia da boa qualidade do ar interior são os regulamentados pela RE-09/2003 e posteriores alterações, bem como as normas técnicas da ABNT pertinentes*.

Anteriormente, a Portaria 3523, em seu artigo 2° informava que “(…) serão objeto de Regulamento Técnico a ser elaborado por este Ministério, medidas específicas referentes a padrões de qualidade do ar em ambientes climatizados”, não havendo, portanto, citação da norma específica a ser seguida, já que a norma ainda não existia. Essa obscuridade foi corrigida pela nova lei.

 

*  NBR 13971 – Sistemas de refrigeração, condicionamento de ar e ventilação – manutenção programada;
ABNT NBR 14679 – Sistemas de condicionamento de ar e ventilação – Execução de serviços de higienização;
ABNT NBR 15848 – Sistemas de ar condicionado e ventilação – Procedimentos e requisitos relativos as atividades de construção, reformas, operação e manutenção das instalações que afetam a qualidade do ar;
ABNT NBR 16401 – Instalações de ar condicionado – Sistemas Centrais e unitários – partes 1 a 3.